Tem certas sensações que são inesquecíveis. Lembro da primeira vez que desmaiei, porque tentei pular um monte de brita usando um patinete. Na verdade, eu lembro mais de acordar com minha mãe jogando álcool no meu machucado; ardeu muito! Lembro de colocar meu primeiro sutiã, pasmem, de oncinha. Eu senti um misto de vergonha com sapequice. Lembro da sensação de dançar a minha música favorita da infância “festa” da Eliana. Tenho a intuição de que eu era a única grande fã dela…
Lembro do prego que bati na jabuticabeira da casa da minha avó, pra fruta ficar docinha! E é docinha até hoje. Lembro de subir na árvore, uma sensação totalmente empoderadora, uma mistura de aventura, liberdade… Fechei meus olhos agora ploc’ inebriante e palatável sensação do estourar da jabuticaba — se engolir o caroço fica travada viu? dizia minha tia. Às vezes, num ato rebelde, comia com caroço e tudo!
No alpendre, todas sentadas, cada uma com seu balde começava a festa — olha o tamanho dessa aqui! E enquanto tinha uma jabú no galho da árvore ou no fundo do pote, a gente tava lá. Minha mãe me contou, que antes de conquistarem o pé de jabuticaba próprio, a minha bisavó alugava um só pra elas com o vizinho da frente, pra aproveitar a estação toda! Ela tinha umas sabedorias únicas, eu lembro da sensação de receber um elogio quase que desconcertante dela — cê tem olho de jabuticaba menina! Obrigada vó!
A cada ano que passa elas estão diminuindo… isso dá medo, me acalma saber, certas sensações são inesquecíveis